Dentes Tortos
Dentes Tortos
Os dentes tortos ou “dentes encavalados” podem ter diversas causas, sendo que o tratamento adequado para corrigir ou alinhar os dentes pode diferir de acordo com essas mesmas causas, a idade, condicionantes estéticas e severidade do problema.
Para além do apinhamento dos dentes podemos identificar diversos outros tipos de desalinhamentos ou problemas dentários, como são exemplos, o diastema ou dentes separados, mordida aberta (inoclusão anterior ou ausência de contato entre os dentes da frente dos dois maxilares), mordida cruzada, sobremordida (contrário de mordida aberta), entre outros, todos eles com maiores ou menores consequências quer a nível estético quer a nível funcional.
Os dentes apinhados ou dentes encavalados é uma das situações que mais afeta a estética facial, sendo por isso uma razão frequente que leva o paciente a recorrer ao Médico Dentista no sentido de conseguir ficar com os dentes alinhados. Contudo, outras causas para além da estética fazem alertar o doente, nomeadamente o aumento da frequência com que o mesmo tende a trincar ou trilhar os lábios e o interior da bochecha, e muitas vezes a má oclusão que em certos casos causam dor de cabeça associada ou não a problemas ao nível da articulação entre os maxilares (ATM).
De facto, o apinhamento dos dentes, para além das várias repercussões que pode apresentar a nível funcional, pode ainda afetar a autoestima, pois as pessoas com dentes tortos, quer seja por apinhamento, projetados para fora ou inclinados para dentro, podem ser levadas a inibir o sorriso por vergonha e a afetar a sua vida social. Esta situação torna-se mais relevante nas situações de dentes da frente tortos por se encontrarem mais expostos aos olhares dos outros, e que tende a acentuar-se após a erupção dos dentes caninos.
Acresce que basta apenas um dente encavalado para originar um desequilíbrio na oclusão dentária e consequentemente desencadear outras situações parafuncionais. Para além disso, torna-se também mais difícil manter uma boa higiene oral com os dentes apinhados, devido à maior dificuldade em conseguir-se uma escovagem eficiente e a passagem com o fio dentário, favorecendo assim o aparecimento de mau hálito (halitose) e cárie dentária.
A ortodontia é a especialidade na Medicina Dentária relacionada com o estudo, prevenção e tratamento das alterações do posicionamento dos dentes. Acresce que se trata da especialidade relacionada com o crescimento e o desenvolvimento dos maxilares. Para além de dentes tortos, dentes apinhados ou “encavalados” ou mal posicionados existem outros problemas passíveis de correção.
As causas para dentes tortos ou apinhados, numa primeira abordagem, tendem a ter características genéticas e hereditárias. Essa informação genética determina o tamanho dos dentes e dos maxilares, que sendo hereditária, e caso não seja homogénea, poderá implicar uma desproporcionalidade entre o tamanho dos dentes e o tamanho dos maxilares.
As malformações faciais, também de origem genéticas ou provocadas durante o parto, podem também causar mau posicionamento dentário ou dentes tortos.
Mas não é só de base genética a causa deste problema. O desenvolvimentos de hábitos parafuncionais, como chupar o dedo, roer uma tampa de caneta ou topo de um lápis, roer as unhas, excesso de pressão da língua contra os dentes e o uso prolongado da chupeta no bebé, entre outros, também originam situações de desalinhamento dentário que pode variar desde pequenos desalinhamentos até acentuados desalinhamentos.
Também existem casos em que por causa do dente do siso, quando não existe espaço suficiente para a sua erupção, se começa a verificar um ligeiro apinhar dos dentes da frente, porventura associado a essa “pressão de erupção” exercida nos outros molares, e por sequência a sua repercussão até à zona anterior. Esta situação tende a verificar-se com maior frequência na mandibula, ficando os dentes inferiores tortos.
Outras causas que ocorrem com menor frequência, mas que também podem entortar os dentes, prendem-se com situações de traumatismo (pancadas e quedas), e também quando por dificuldade em respirar pelo nariz se recorre com frequência à respiração pela boca. No caso da criança, como ainda tem os seus maxilares em crescimento, esse comportamento pode afetar o modo como a mandibula cresce, criando desarmonias no tamanho da mesma.
Por fim, mas também importante de referir, a falta ou perda de um ou mais dentes, pelos problemas que podem originar ao nível das alterações na oclusão entre os maxilares, também irão originar uma movimentação indesejada dos dentes ao longo da vida, fazendo-os ficar tortos.
O tratamento para endireitar os dentes passa, normalmente, pelo tratamento ortodôntico, através da colocação de aparelho ortodôntico ou aparelho dentário que é usado para corrigir ou alinhar a posição dos dentes. As forças exercidas pelo aparelho permitem a movimentação dos dentes para a sua posição correta. Ou seja, esta movimentação resolve o problema do desalinhamento, desde que seja efetuado o diagnóstico de forma correta e o tratamento instituído com a técnica adequada, caso contrário, os dentes continuam tortos mesmo depois de usar aparelho.
Podemos subdividir os aparelhos ortodônticos ou dentários em:
- Aparelhos fixos – Os aparelhos dentários fixos, geralmente, são apenas considerados para correção nos adolescentes e adultos.
- Aparelhos removíveis (ou móveis) – Os aparelhos dentários móveis ou removíveis, geralmente, são indicados apenas nas crianças (aparelho ortodôntico infantil).
O tempo de utilização do aparelho vai depender da técnica utilizada para a correção, assim como da severidade do mau posicionamento dentário. A duração do tratamento prolongar-se-á por mais meses nos casos de dentes muito tortos, onde muitas vezes para se conseguir ganhar o espaço necessário para o alinhamento, tem inclusive que se recorrer à cirurgia para extração de dente. Ou seja, pode existir a necessidade de extrair (“tirar” ou “arrancar”) um ou mais dentes antes ou durante o tratamento com o aparelho dentário.
O tempo médio do tratamento ortodôntico ou de correção com aparelho dentário situa-se entre os 12 e os 36 meses (um a três anos), sendo necessária a sua ativação todos os meses nos casos dos aparelhos fixos, e normalmente de 2 em 2 meses nos casos dos aparelhos removíveis.
Uma outra solução de tratamento mais rápido, e indicada quando a situação de espaço o permite, é o recurso à prótese fixa através da colocação de coroas ou pontes, normalmente em cerâmica que são cimentadas em posição alinhada sobre os dentes tortos. Neste caso esses dentes são previamente desgastados e na maior parte das vezes também desvitalizados, enfraquecendo a sua estrutura.